terça-feira, 26 de maio de 2009

Geologia e Geomorfologia da Região

Paredão de arenito na Serra de Itaquerí


Pois bem, como tudo tem seu começo e teoria, essa postagem é de um texto do precursor do montanhismo na cidade, o "Chanel", que explica de forma simples e sucinta como se deu a formação do atual Relevo de Cuesta, que atualmente é palco de escaladas de qualidade e diversidade no interior de SP.

A região de ltirapina está situada dentro da Bacia do Paraná, urna bacia sedimentar, ou seja, área de deposição de rochas sedimentares originadas por precipitação quírnica ou deposição de detritos de outras rochas ou material orgânico. Essa bacia ocupa urna área de aproximadamente 1.750.000 Km2 com rochas desde o Siluriano (410 milhões de anos).
Na região afloram (aparecem em superfície) rochas desde o Permiano Inferior (280 M.a.) até o recente (Quaternário).
A história geológica/geomorfológica (ciência que estuda as formas de relevo, será contada a partir de 280 M. a. para frente).
Há 280 M. a. a região apresentava um mar epícontinental (dentro ou em cima do continente) onde viviam peixes, répteis (mesossauros) entre outros animais e ampla flora. Nesse mar estavam sendo depositadas rochas carbonáticas. Os mesossauros (lagartos pequenos) são encontrados também na África, evidenciando que os continentes Sul Americano e Africano estavam unidos nessa época.
Com o passar do tempo geológico o mar epicontinental (em ± 260 M. a. no Permiano Superior) foi sendo assoreado por rios que carregavam grande quantidade de sedimentos das partes mais altas, formando uma grande planície de maré, com argilas e areias gerando rochas chamadas argilitos e arenitos. Essas argilas são usadas hoje em cerâmicas e olarias da região. Nessa época (Permiano Superior) o clima vinha ficando mais seco. São encontrados fósseis de conchas, crustáceos e plantas.
Na entrada do Triássico (245 M. a.) a região já se apresentava como uma grande praia e com rios assoreados, existiam árvores (hoje troncos petrificados) e alguns lagartos. A partir daí, a região se torna parte de um grande deserto, o maior que existiu até hoje, chamado de Deserto de Botucatu, com uma área de aproximadamente 1.300.090 Km2 (190 M a) onde suas areias apresentam rastros de répteis e mamíferos (observados nos calçamentos de São Carlos e Araraquara) Este deserto apresentava grandes dunas de areia.
Por volta dos 160 M. a. (Jurássico) os continentes Sul Americano e Africano começam a se separar (abrindo o Oceano Atlântico) e abrem-se fraturas na crosta terrestre por onde sobem lavas vulcânicas que cobrem o grande deserto. Essas lavas, cujas rochas se chamam basaltos formam as escarpas da região.
Quando as atividades vulcânicas terminam, o clima ainda é bastante árido, devido a posição do continente sul americano no globo terrestre, ainda existindo feições de deserto. Conforme o continente vai se “ajeitando” no globo o clima vai ficando mais ameno, e por volta dos 80 M. a. este já é semelhante ao tropical úmido de hoje e a região está habitada por grandes dinossauros herbívoros (tiranossauros, parentes do brontossauro) e alguns dinossauros carnívoros, que são extintos por volta dos 60 M. a. quando passamos para a era Cenozóica.
No cenozóico terminam os grandes eventos deposicionais geológicos e têm início os eventos erosivos que darão a forma do relevo que conhecemos hoje.
Nessa era há a grande expansão dos mamíferos, que passam a dominar a Terra, surgindo o homem há 5 M.a.
Com o clima úmido há a formação de grandes rios que erodem as rochas, escavando vales e gerando a Depressão Periférica Paulista pela erosão de rochas mais “moles” como arenitos, argilitos, siltitos e calcáreos, gerando também as Cuestas Basálticas e morros isolados, devido ao basalto (rocha vulcânica) ser uma rocha menos susceptível à erosão.
Vale na Serra de Itaquerí
FORMAÇÃO DAS CACHOEIRAS
As cachoeiras começaram a ser formadas no mesmo período que começou a ser formada a Depressão Periférica, com os rios correndo em cima das cuestas, erodindo rochas mais macias e penetrando em fraturas nas rochas basálticas desagregando-as de modo preferencial e por um caminho preferencial, visto que a água percorre sempre os caminhos mais fáceis.

FORMAÇÃO DOS GEODOS NOS BASALTOS
Quando a lava chega à superfície, esta tende a resfriar-se rapidamente ficando bolhas internas, com líquidos ricos em compostos químicos, que se agregarão e formarão minerais crescidos nas paredes dessas bolhas. Esses minerais podem ser: cristal de rocha, ágata, zeólita, calcita, gipsita, ametista entre muitos outros.
Caverna do Fazendão - Serra de Itaquerí

CAVERNAS
Na região são conhecidas 9 cavernas, as maiores são a caverna da Toca com 345 m e a caverna do Fazendão com 200 m. Essas cavernas são formadas em uma rocha chamada arenito (rocha de areia). Nesse tipo de rocha é mais difícil de se encontrar cavernas do que no calcário (onde se formam grandes e belas cavernas com estalactites e estalagmites).
A formação dessas cavernas se dá pela entrada de água nos poros entre os grãos de areia da rocha, que são dissolvidos. A partir daí formam-se pequenos tubos (milimétricos) por onde começa a passar água e alarga-los por erosão, gerando um grande vazio. O próximo passo é o desabamento de blocos de rocha do teto formando e aumentando a caverna.
Nessas cavernas não são encontradas estalactites ou estalagmites pela dificuldade de dissolver a rocha, mas se formam alguns minerais nas paredes e tetos. No caso da caverna da Toca foi dissolvido ferro do basalto (há uma camada de basalto em cima da caverna) que precipitou no interior da caverna incrustando suas paredes.
Muitas cavernas da região já foram habitadas, encontrando-se pinturas, pontas de flecha, ferramenta líticas, e restos de fogueira. Foram ainda encontradas em bairros da cidade, urnas funerárias com ossadas de habitantes primitivos, estas não são datadas por não haver estudos.
A biologia de cavernas é muito diferente da biologia de seu exterior, dentro das cavernas existem seres adaptados ao meio. Como dentro das cavernas não há luz, ou melhor podemos definir três regiões pela quantidade de luz.
A primeira chamada zona de entrada com bastante luz vivem animais e plantas normais, os que vivem fora das cavernas.
A segunda é chamada zonas de penumbra onde a luz começa a ficar escassa, vivem animais adaptados à parte de fora ainda sem vegetação.
A terceira é chamada zona afótica, ou totalmente sem luz, nela vivem seres adaptados, sem olhos pois não precisam, eles se locomovem e procuram comida pelo tato geralmente são insetos que possuem grandes antenas, os peixes possuem barbas, e outros animais como anfíbios, crustáceos que também possuem aparelhos para o tato. A comida dentro da caverna tem que vir de fora, geralmente por um rio ou por morcegos.
Os morcegos são um caso a parte na biologia de cavernas pois eles se locomovem por radar, ele emite um som não perceptível ao ouvido humano, que ecoa em objetos a frente dele, com isso ele sabe a posição das coisas para não bater em nada.
Existem 1000 espécies de morcegos no mundo, apenas três vampiras, sendo que duas habitam a região.


*FONTE: Nilson Bernardi (Chanel) - Geólogo

Guia de escalada do Vale do Céu

O Vale do Céu é uma propriedade particular situada no Distrito de Itaquerí da Serra, municipio de Itirapina/SP. O local abriga um lindo vale composto por arenito de boa qualidade, hoje um dos principais centros de escalada esportiva do interior. A qualidade da rocha, perfeição das agarras, tetos, fácil acesso e sombra o dia todo fazem do lugar um ponto de parada obrigatório pra quem deseja escalar os arenitos do interior do Estado. Sabendo disso e após muita cobrança da comunidade escaladora o CMSI divulga o croqui do point. Com os textos de Eduardo Santini (CMSI), o designer do Bruno Marcondes (CMSI) e o desenho dos setores muito bem feitos do Fernando Fonseca do CUME (centro universitario de montanhismo e excursionismo) o Vale do Céu esta liberado para a comunidade que pode baixar o manual pelo link (clique aqui) gentilmente criado pelo Davi Marski em seu site. Boas escaladas!!!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

com licença, somos o CMSI



É com enorme prazer e entusiasmo que nos apresentamos, somos moradores da pequena cidade de Itirapina no interior de SP, onde está localizada em termos de escalada, a porção mais interessante e impressionante do relevo de Cuesta, que detêm um arenito de boa qualidade em suas escarpas que vão de pequenas "falésias" até paredões com 80 metros de altura e quilómetros de extensão horizontal, além dos Morros Testemunhos que guardam inúmeros blocos para a prática de boulder. Pois bem, como nada é por acaso, esse potencial abriu nos corações de um pequeno grupo as portas do montanhismo e o instinto exploratório por lugares inóspitos que guardam as energias divinas da criação. As primeiras explorações começaram no inicio da década de 90 com o então estudante de geologia e espeleólogo Nilson Bernardi Ferreira (Chanel) que residia no município e fundou o GRESPIT (Grupo de Espeleologia de Itirapina) como resultado foram algumas cavernas mapeadas, cânions explorados e as rochas foram estudadas a fundo. O referido grupo não existe mais, porém foi um grande passo para a inspiração por novas explorações, novas modalidades e novas pessoas aparecem no cenário do montanhismo local. Paulo Bernardi Ferreira, irmão do "Chanel" com alguns livros de montanhismo e equipos iniciou a escalada no municipio, em um morro próximo da cidade chamado de Morro do Baú (atualmente abriga o campo escola do CMSI) por volta do final da década de 90 e inicio do ano 2000, Paulo mais do que depressa inspirou o Stélio Franco à nova modalidade, este despertou também seus parceiros, Eduardo Santini, Michel Costa (hippie) e Murilo Boareto, todos também participavam das expedições com o "Chanel" pelos cânions da região.

Após um ano de aprimoramento das técnicas e algumas idas a famoso Morro do Cuscuzeiro, começou a busca por paredes maiores e com rocha boa para grampeação de vias esportivas, o local escolhido foi o Vale do Céu no Distrito de Itaquerí da Serra, os referidos escaladores a principio investiram nos projetos em top hope com ancoragens naturais até terem certeza dos movies para iniciarem a grampeação, hoje o local conta com mais de 20 vias de 5º a 9º. Com o passar do tempo o local foi sendo descoberto por outros escaladores, o que impulsionou a escalada no vale e na região. Dai surge a ideia dos escaladores locais se organizarem para desenvolver ainda mais o grande potencial de escalada do município, criando assim o CMSI para assegurar que esse desenvolvimento irá respeitar a ética local e o ambiente circundante, de maneira organizada e responsável.